Fotos e texto por Jonas Marinho
Fotos e texto por Jonas Marinho
Data de publicação: 08/05/2022
Datas da viagem: 30/04/2022 e 01/05/2022
A Vila de Paranapiacaba foi construída no fim do século XIX, para abrigar os trabalhadores que atuavam no projeto de instalação da ferrovia que viria a ligar o Porto de Santos com o interior de SP, passando pela capital paulista em seu trajeto. À medida que a obra avançava, tornou-se necessária a formação da vila para servir como moradia para os trabalhadores, sendo ao mesmo tempo um ponto de apoio para os equipamentos que eram necessários para a obra.
Com sua localização bem próxima ao início da descida da Serra do Mar, é bastante comum a presença de uma densa neblina, que na lenda popular local representa o véu de uma noiva que foi abandonada no altar. Essa neblina é uma das características mais marcantes da vila, junto com seus relatos de assombrações, a fruta cambuci, os trens abandonados e suas típicas casas com arquitetura inglesa e cor de vinho, que foi inicialmente empregada para aproveitar a tinta utilizada nos vagões que passavam pelo local, mas acabou se tornando uma marca da vila, quando esta foi tombada.
A Passarela Metálica é a única ligação dentro da vila entre as partes alta e baixa de Paranapiacaba. Um caminho estreito, exclusivo para pedestres e ciclistas, que tem um charme todo especial, passando por cima dos trilhos da estrada férrea. Sobre a passarela, ficam visíveis algumas das principais atrações de Paranapiacaba, como a Estação de Paranapiacaba, o 'Big Ben' (relógio da estação) e o Museu Tecnológico do Funicular.
Atravessar a Passarela Metálica em um dia de neblina intensa é uma experiência única. Embora a vista para as atrações da vila não seja possível, a sensação de andar pelo estreito caminho da passarela, imerso na neblina, vendo apenas poucos metros a frente ou atrás, é sensacional.
A antiga Estação de Paranapiacaba, que no passado já foi o ponto de pelo qual os visitantes e moradores chegavam e saiam da vila, hoje não é mais tão movimentada como outrora, servindo apenas como ponto final do serviço de Expresso Turístico da CPTM.
Contudo, ser menos utilizada para a sua função primária, permitiu à estação ganhar novos usos relacionados às Artes. Nela frequentemente são apresentadas performances artísticas, como danças e encenações. Além disso, a sua arquitetura e cenário são muito favoráveis para se fazer fotos.
Para apreciar o artesanato e adquirir lembranças de Paranapiacaba, o Antigo Mercado é ótimo ponto para ser visitado, em seu interior diversos comerciantes vendem seus produtos, desde lembranças simples como imãs de geladeira e chaveiros, à pedras e cristais esotéricos. Entre os produtos alimentícios, o Cambuci quase sempre está presente entre os ingredientes utilizados, em produtos como cachaças, geleias ou sorvetes, sendo a marca registrada da vila.
Um ótimo objeto para tirar fotos com uma temática nostálgica, o Locobreque é uma antiga locomotiva, utilizada no serviço funicular que fazia o trajeto na Serra do Mar entre Paranapiacaba e a baixada, que está abandonada em um campo aberto próximo à Estação de Paranapiacaba. Tem um aspecto enferrujado e a circulação de pessoas pela máquina é totalmente livre, contudo é preciso tomar cuidado para evitar acidentes, como quedas e cortes.
O Museu Castelinho está localizada no topo de uma colina na parte baixa da vila, a partir de onde é possível ter uma vista de todos os principais pontos, como a Estação, o pátio de manutenção, a parte alta e até mesmo a cidade de Cubatão, a partir da janela de um dos cômodos no andar superior. A habitação foi construída para abrigar o engenheiro-chefe durante a execução do projeto, sendo habitada por diferentes famílias, adquirida pela Prefeitura de Santo André e transformada em museu há alguns anos.
Como Museu, oferece uma visita monitorada pelos cômodos do edifício, que também contam com artigos históricos relacionados à implantação da ferrovia. Durante a visita, em cada um dos cômodos os guias contam sobre a história de Paranapiacaba, da São Paulo Railway, das pessoas chave no projeto e do próprio Castelinho. Realizar a visita monitorada é, para quem está visitando a vila e se interessa pelo valor histórico do local, certamente uma ótima fonte de conhecimentos e informações importantes.